O Sidónio é um rapaz imberbe de vinte e poucos anos. Vive atarantado com dificuldades várias naturais da idade. Ora é no emprego, ora a vida que não acerta no carril, ora a vizinha com ar doce que nunca mais lhe pediu o óleo de fritar. Das pequenas coisas vive e se aborrece o Sidónio. Tomou uma casa em Lisboa, um T0 solitário sem varandas, onde habitualmente passa noites solitárias recheadas de sonhos movimentados e suspiros salteados. Por vezes tem uma saída por outra, se é amiga ou namorada não sabemos, nem o Sidónio nos esclarece, pois possuí uma grande dificuldade no que toca a distinções de uma em relação à outra. Não nos importemos.
Para feitio de sala de estar, por entre móveis todos linhas direitas, destes modernos em contraplacado, o Sidónio faz-se acompanhar da Lucy. Um esqueleto feminino - assegurou-nos dada a largura de ancas. Confessou-nos também por detrás das lentes míopes que nunca aceitaria a companhia de um rival macho em casa. É deveras uma esqueleta. Possuí um laçarote rosado no topo da caixa craniana, ele garante que a torna mais feminina. No resto do corpo veste-se de avental às listas vermelhas e brancas e um estetoscópio pendurado no pescoço para as aflições.
Da janela com vista para o mar o Sidónio costuma queimar um cigarro por outro, apanhado brisas marítimas nas faces brancas. Em tempos quentes, deixa ficar a janela aberta para refresco das paredes. Uma vez por outra passeiam-se formigas pelos regos dos azulejos. Um rato por outro também pode passar. Torna-se uma pequena reunião de animais comuns dos quais o mais estranho: Sidónio.
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