(Oh pá, tu sai do buraco que ficas enfezado pá)
de modos que tenho saído mais, repare que no outro dia dei mais do que uma volta pelo quarteirão, saí ali do mercado das frutas e rodei rodei e voltei a passar lá um infinito de vezes, o andar faz-me bem. Olhe quer um cigarro, o doutor não me desaprova os cigarros
(Oh pá, tu fuma pá, não me morras é saudável)
o doutor gosta muito de mim, diz que sou a pessoa com mais doenças no bloco
(Rosinha, chama aí o gajo que mais doenças tem)
mas o meu maior mal ele não acerta, é que já lhe disse que as noites eram mais longas para mim do que para o comum dos mortais, os relógios param em minha casa, conspiram, palram frequentemente ululuando pela casa, fazem-me uma trama, atrasam-se propositadamente, as roldanas entrelaçam dentes barulhentos, parecem às vezes que aguçam os dentes em cada segundo, juro-lhe, acredite em mim, um dia destes resolvi deitar-me com um martelo disposto a partir um, mas durante a noite eles fazem-se maiores do que eu, muito orelhudos, fazendo sombras escabrosas e lançam correntes de corda que me fustigam.
A sério, espere, não se vá embora.
(Rosinha, chama aí o gajo que mais doenças tem)
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